Com carros populares acima dos R$ 50 mil, consumidor busca alternativa em usados e seminovos

O mercado de automóveis no Brasil ainda busca fôlego para retomar o desempenho visto antes da pandemia. O segmento tem sofrido com seguidas altas nos preços dos veículos zero quilômetro e com a ausência de componentes necessários para a fabricação. Essa situação tem feito carros até então considerados populares saltarem de preço, partindo da casa dos R$ 50 mil, e isso tem motivado o consumidor campo-grandense a buscar alternativas, como a compra de usados.

Em Campo Grande, as concessionárias confirmam o cenário e apontam que o aumento dos preços nos carros zero quilômetro ultrapassou 11% em todos os modelos, desde o início do ano. Somado a isso, estão as garagens que vendem carros usados e seminovos.

Apesar da majoração de preço, essas lojas tiveram alta nas vendas deste ano. Uma das explicações está relacionada à escassez de veículos novos nas concessionárias, como explica Edson Lima, vendedor de carros em uma garagem da cidade.

"Aqui, houve aumento pela procura de carros usados porque estão faltando automóveis novos. Automaticamente, o preço também seguiu a mesma tendência. Está difícil encontrar um carro novo, da linha popular, hoje em dia. E, quando encontra, você se depara com o valor, que subiu demais", relatou Lima.

De acordo com a tabela Fipe, que elenca preço de veículos no Brasil, carros considerados populares não são encontrados por menos de R$ 40 mil como habitualmente eram comercializados recentemente. O Jornal Midiamax consultou os preços de alguns veículos de entrada das montadores, confira abaixo o valor dos modelos mais básicos zero quilômetro.

Mercado de usados aquecido

Nas garagens, o encarecimento foi inevitável e algumas estão sem condições de adquirir mais veículos para a revenda, mesmo com sinal positivo quando o assunto é a procura pelos automóveis.

Osvaldo Jorge, que é sócio proprietário de uma garagem da Capital, disse que os preços praticados no ano passado não são mais os mesmos. "No fim do ano passado, por exemplo, nós vendemos carros por R$ 70 mil. Hoje, a pessoa vem aqui com o mesmo modelo e quer vender pelo mesmo valor para nós. Tem caminhonete que teve aumento de R$ 30 mil".

Na cidade, as lojas que representam grandes marcas endossam a falta de carros na linha de montagem. Segundo elas, atualmente não há pronta-entrega e os prazos de retirada do pedido chegam a seis meses de espera.

Gerente comercial de uma concessionária em Campo Grande, Eduardo Bessa revela que a marca em que atua já registra perda de clientes. "A gente teve redução no número de vendas. Nós percebemos uma queda de mais de 50% desde o início da pandemia".

De acordo com Bessa, a vacinação é um dos fatores que podem melhorar os números. "A quantidade de clientes está evoluindo novamente, o pessoal está se vacinando, indo para a rua de novo, está perdendo aquele receio de sair. Então, eu acho que como está havendo uma situação de melhora, estamos sentindo que as coisas estão voltando. Mesmo de forma tímida", avaliou.