Estiagem e geada causam 50% de perda nas lavouras de milho em Dourados
Metade do plantio ficou comprometido devido as influências climáticas
A colheita do milho safrinha não será boa nesse ano nas propriedades rurais de Dourados e região, é o que afirmou o Presidente do Sindicato Rural, Ângelo Ximenes. Devido a estiagem e geada, os agricultores vão perder cerca de 50% da lavoura, ou seja, metade do plantio ficou comprometido devido as influências climáticas.
A expectativa é que o homem do campo colha 40 sacas por hectare, quantidade bem inferior se comparada a colheita de 2020 na qual foram aproveitadas cerca de 76 sacas por hectare. Apesar do produtor rural trabalhar em cima das previsões meteorológicas e saber que a estiagem e a geada fazem parte do clima de inverno, Ângelo afirmou que os agricultores foram pegos de surpresa, porque o fenômeno natural ocorreu antes da formação completa de grãos.
"Apesar das previsões os agricultores acreditavam que os grãos iriam formar primeiro, essa é sempre a expectativa do agricultor. Tivemos uma estiagem em abril e maio e acreditávamos que a geada não viria mais ou se viesse seria após a formação do grão, porém ela veio no final da formação", explicou Ângelo.
O presidente do Sindicato Rural de Dourados destacou ainda uma mudança no cenário da economia. "É um cenário um pouco diferente, teremos pouco produto para circular e consequentemente o preço vai aumentar, hoje a cotação está em torno de R$ 85 mas deve atingir os 3 dígitos, o que aparentemente pode parecer vantajoso ao agricultor, mas ocorre que o preço está travado para muitos que já fizeram contrato por um preço inferior. Mas, aquele produtor que não fez contrato, acredito que vai cobrir os seus custos e sobrar um pouquinho", ressaltou o presidente.
Aprosoja estima perda de 2,7 milhões de toneladas no Estado
De acordo com cálculo feito pela Aprosoja-MS o volume de produção do milho no Estado, que tinha expectativa de colheita equivalente a 8,2 milhões de toneladas, agora não deve passar das 6,2 milhões de toneladas, ou seja, Mato Grosso do Sul terá perdas adicionais de 2,7 milhões de toneladas.
"Foi realmente uma grande geada, que atingiu todo o Conesul e algumas regiões centrais, onde há muito tempo não se tinha relatos de ocorrência de geadas no estado. Os danos foram muito severos e irão impactar de maneira muito significativa para toda sociedade. É hora do produtor avaliar sua lavoura minuciosamente e salvar o máximo de milho possível, com foco em aproveitar, de alguma forma, o que restou da lavoura. Não podemos deixar de lado nossas obrigações e temos que honrar os contratos firmados, para não gerar um colapso nos acordos comerciais. Agora é preciso fazer uma colheita cautelosa, a fim de minimizar os prejuízos", aponta o presidente da Aprosoja/MS, André Dobashi.
As condições se agravaram em todo o estado devido aos efeitos climáticos de estiagem, granizo e geada. Mato Grosso do Sul possui em boas condições 1% de suas lavouras, 38% em estado regular e 61% em estado ruim.