Ministério Público denuncia Marquinhos por crimes sexuais contra 7 mulheres

Após a denúncia do MPE, os processos seguem para a Justiça, que analisará se Trad vai virar ou não réu pelos crimes em que é suspeito.

Ministério Público denuncia Marquinhos por crimes sexuais contra 7 mulheres

O ex-prefeito de Campo Grande e candidato derrotado ainda no 1º turno na disputa ao governo de Mato Grosso do Sul, Marquinhos Trad, foi denunciado por crimes sexuais contra sete mulheres. A denúncia do MPMS (Ministério Público do estado) foi encaminhada à Justiça nessa terça-feira (8). Ao g1, o político disse que "desconhece o teor da peça ministerial", informa o G1 MS.


De acordo com a publicação, a peça enviada pelo MPMS à Justiça aponta que Marquinhos foi denunciado por fatos envolvendo 7 mulheres, número maior do que o de indiciamentos que a Polícia Civil fez – que era de 3.


Durante o curso do inquérito, foram identificadas 16 denunciantes, porém, a defesa de Marquinhos obteve decisões para derrubar parte das acusações. Não foi possível levantar detalhamento das tipificações pelas quais o político foi denunciado, em razão do sigilo do processo, por envolver dignidade sexual das vítimas identificadas.


Pelo trâmite legal, a denúncia será avaliada pela juíza titular 3ª Vara Criminal, Eucélia Moreira Cassal. Só o inquérito policial tem 1.650 páginas, contendo depoimentos das denunciantes, das testemunhas, peças da perícia e o interrogatório do investigado na Polícia Civil.


Buscado pelo g1, o ex-prefeito disse que só ficou sabendo das denúncias ao ser questionado pelo portal. Trad diz que "desconhece o teor da peça ministerial e qual foi a tipificação dos crimes" apontados pelo MP. "Preciso conhecer o teor da denúncia e quais tipos legais entendeu o MP que existem indícios", relatou o político ao reafirmar que sofre uma "das maiores perseguições políticas de Mato Grosso do Sul".


O promotor responsável pelo caso, Alexandre Capiberibe Saldanha, não quis se pronunciar, alegando o sigilo do caso.


Escândalo político


Marquinhos Trad vem sendo investigado por crimes contra dignidade sexual desde o início de julho. As acusações contra o político envolvem, inclusive, a oferta de emprego a mulheres usando cargos públicos em troca de sexo. Um dos locais onde os crimes teriam ocorrido é o gabinete do chefe do Executivo, alvo de busca da polícia em meio à campanha eleitoral.


O inquérito da Polícia Civil chegou a apontar 16 supostas vítimas, mas a Justiça determinou o arquivamento dos casos em relação a parte das vítimas. Os motivos para isso foram a prescrição dos fatos denunciados ou a não identificação de crimes a serem punidos.


Conforme o entendimento aplicado, a Justiça viu indícios de que Marquinhos Trad usou da função pública para "conseguir sexo" com mulheres em situação de vulnerabilidade.


A investigação relacionada a três vítimas listadas pela Polícia Civil foi mantida, com a anotação pela magistrada de que há indícios de ter havido exploração do fato de serem pessoas vulneráveis. A descrição feita é de que as mulheres procuraram o político pedindo ajuda e acabaram sendo assediadas para contatos de cunho sexual.


Foi essa a argumentação usada pela delegada do caso, Maira Pacheco Machado, quando ouvida pela Justiça, para defender a continuação do inquérito, sob argumento de existir jurisprudência a esse respeito, ou seja, que a tentativa de penalizar o investigado pode continuar quando as vítimas perderam o prazo de denúncia por estarem em situação de vulnerabilidade. Esse argumento não foi acatado pela juíza.