Paraguai dá lição e tem só 1/3 das mortes provocadas pelo coronavírus em MS
Com 7 milhões de habitantes, país retoma economia após quarentena total, mas mantém fronteiras fechadas para os brasileiros
No dia 11 de março deste ano o Paraguai decretou emergência sanitária nacional por causa da pandemia do novo coronavírus, declarada no mesmo dia pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Imediatamente as fronteiras foram fechadas. Militares montaram barreiras na Linha Internacional, valas foram abertas em ruas que separam cidades-gêmeas da fronteira e até uma cerca de arame farpado foi instalada para separar Pedro Juan Caballero de Ponta Porã (MS).
Logo em seguida o comércio baixou as portas, portos e aeroportos também foram fechados e as pessoas só podiam sair de casa por extrema necessidade. Cidadãos paraguaios que estavam em outros países foram impedidos de voltar e só puderam regressar em maio. Mesmo assim, tiveram de cumprir a quarentena de duas semanas em albergues montados pelo governo.
Com sistema público de saúde muito pior que o SUS (Sistema Único de Saúde) brasileiro e com PIB (Produto Interno Bruto) de 40 bilhões de dólares – um quinto do PIB brasileiro, de 1,8 trilhão de dólares em 2018 –, o Paraguai encarou suas deficiências e adotou medidas rigorosas para conter a proliferação do vírus.
Três meses depois, os números mostram que o governo de Mario Abdo Benítez fez o dever de casa, deu lição no vizinho Brasil e agora começa a retomar a economia, com a covid-19 sob controle.
País com 13 mortes - Conforme números atualizados pelo Ministério de Saúde Pública do Paraguai, o país de sete milhões de habitantes tem 1.308 casos positivos de coronavírus e 13 mortes provocadas pela doença. Quase 700 infectados já estão curados.
No Brasil, onde o governo nacional adotou política negacionista em relação à doença e as medidas de isolamento se mostraram ineficientes para conter o vírus, a covid-19 se espalha e até esta quarta-feira atingiu quase 1 milhão de pessoas e matou 45,5 mil cidadãos.
Em todo o Paraguai há menos casos confirmados de covid-19 do que em Dourados, segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul que tem 220 mil habitantes e hoje chegou a 1.421 casos positivos.
O Paraguai tem praticamente um terço das 36 mortes registradas em Mato Grosso do Sul pelo coronavírus e 30% dos 4.164 casos positivos registrados até hoje no Estado. Levando em conta o número de habitantes, o Paraguai tem 1 caso de covid-19 para cada grupo de 5.307 moradores. Mato Grosso do Sul, com 2,6 milhões de habitantes, tem um 1 caso para cada grupo de 624 moradores.
O comércio paraguaio voltou a funcionar no dia 25 de maio, na segunda etapa da chamada "quarentena inteligente". Até os shoppings, que só poderiam reabrir na terceira fase, voltaram a abrir naquela data. Nesta semana começou a terceira fase, com reabertura de bares e restaurantes, ginásios esportivos e academias de ginástica.
Em Pedro Juan Caballero, com exceção do Shopping China e do Planet Outlet, que só vão reabrir após o fim da pandemia, o comércio está funcionando há três semanas. Entretanto, como a fronteira continua fechada, faltam clientes e as vendas são poucas.
Comerciantes locais pressionam o governo paraguaio a permitir pelo menos a entrega de mercadorias a clientes brasileiros na Linha Internacional, seguindo medidas sanitárias para impedir o contágio. Entretanto, o presidente Mario Abdo Benítez ainda não deu sinal de quando vai atender aos apelos dos empresários.
Recentemente, Marito pediu desculpa aos fronteiriços, mas disse que as fronteiras ficam por último, principalmente por causa da proliferação do coronavírus em território brasileiro.